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Simbologia e Encanto do Sinos

Espiritualidade

Simbologia e Encanto do Sinos
É cada vez mais raro ouvir a música dos sinos em áreas urbanas ou pequenas vilas. No entanto, no interior do nosso país e em muitas partes do mundo, ainda é possível apreciar o belo som dos sinos. Isso é uma bênção para aqueles que conseguem captá-lo, pois mantém a alma nutrida com o ancestral e próprio de sua essência, privando-se de experiências ricas e simbólicas que se conectam com a linguagem da alma.
 
Os sinos têm uma antiguidade enorme. Os primeiros registros da cultura dos sinos remontam à China, onde eram considerados de grande importância. Essa cultura se espalhou por muitos países orientais, como Japão, Coreia, Tailândia, Java e Índia, enriquecendo-se significativamente pela influência do Hinduísmo e do Budismo entre os séculos VIII e XVI. A variedade de sinos no oriente é surpreendente, desde os pequenos até os enormes, formando conjuntos de várias dezenas. No Irã, foram encontrados sinos de bronze datados do ano 1200 a.C.
 
Nos países do Mediterrâneo, os sinos mais antigos eram feitos de terracota e pertencem ao terceiro milênio a.C. Na mitologia grega, os sinos eram símbolos de Príapo, deus relacionado à fertilidade da terra, e na mitologia romana, eram atribuídos ao deus Baco, ligado à inspiração poética. Com a adoção do Cristianismo, os sinos passaram a ser utilizados como chamados para a oração, tornando-se símbolos da pregação do Evangelho. Seu uso na Igreja ocidental aparece no século VII e no oriente a partir do século IX.
 
O termo "sinos" surgiu por volta do ano 600, derivado de "Campania", nome da região italiana onde se iniciou a fundição dos primeiros sinos para rituais maiores na Europa, feitos com bronze de melhor qualidade. Na igreja cristã antiga, os sinos eram chamados de "Signum", do latim: "sinal". Na Holanda, país com uma forte tradição de sinos, eles são chamados de "klok", derivado da palavra celta "clog", que significa "bater".
Cada sino, uma vez forjado, era abençoado por meio de um ritual complexo, carregando uma energia especial, e recebia uma nota musical própria e um nome, geralmente de uma santa ou santo, caracterizando-o com as qualidades atribuídas a esse ser. Por exemplo, o sino maior sempre recebia o nome de Maria, em homenagem à Santíssima Virgem.
 
Embora nosso foco seja apenas o conteúdo simbólico e o poder poético dos sinos, é impossível não mencionar os campanários, pois eles são o "lar dos grandes sinos". Assim como os faróis, os campanários são torres que operam tanto como chamados e orientações quanto como avisos e presságios. Ambos estão ligados por um conteúdo espiritual semelhante, sendo que os sinos representam a manifestação sonora desse conteúdo.
 
Som e luz são simbolicamente considerados a "origem da Criação". Essas construções, além de sua função utilitária, foram realizadas pelo homem com um enorme sentido estético, transformando-os em belas obras arquitetônicas. Essa combinação do simbólico com o estético os torna fontes inspiradoras para expressões artísticas como música, poesia e artes visuais.
 
Embora existam torres que, assim como os faróis, não possuem uma função religiosa (como as utilizadas como relógios de torre), em sua maioria, o campanário e o sino proclamam com seu som o divino. Eles alertam o local sagrado, espalhando longe um chamado religioso, um convite ao templo ou um louvor a Deus.
 
O campanário é uma estrutura que constitui a parte mais alta dos templos (por exemplo, nas igrejas). Em seu último andar, há um sótão onde está o suporte no qual os sinos penduram, prontos para emitir seus toques pelas janelas ou aberturas voltadas para os quatro pontos cardeais. Assim como os faróis, que com sua rotação de 360º espalham sua luz em todas as direções, ambos, a partir de um centro (o quinto ponto cardeal), expandem sua vibração para todo o ambiente. Assim como os faróis, os sinos possuem em sua melodia códigos musicais que caracterizam a região a que pertencem. Portanto, não há repetições em suas formas de tocar.
 
Em alguns campanários, vários sinos tocam juntos, enquanto em outros, sinos grandes e pequenos são combinados. Outra forma é o cruzamento de um sino que sobe com outro que desce. O número de toques pode variar de poucos a quase uma centena. Em alguns campanários, os sinos tentam reproduzir uma breve melodia ou uma parte dela. Na maioria dos casos, isso é feito de forma automática, especialmente em grandes cidades. Infelizmente, os profissionais dos campanários, os sineiros, estão desaparecendo.
 
É importante ressaltar que o toque dos sinos também é utilizado como chamado no mundo civil ou urbano, onde seu sentido simbólico, embora não desapareça, diminui e se transforma em outras interpretações. Além dos relógios de torre, os sinos também são utilizados como antigos alarmes de incêndio e como sinos escolares, marcando o início ou o fim das aulas e o tão esperado recreio.
 
Uma vez estabelecido um panorama geral sobre nosso tema e sua relação com a simbologia dos faróis, aprofundaremos na simbologia dos sinos. A música e o canto podem convocar estados elevados de consciência, e os instrumentos musicais fazem parte disso. O sino, como instrumento musical, possui uma ressonância sonora muito alta que simbolicamente alude à vibração sonora original da criação ou manifestação do universo.
 
Na Índia, o sino simboliza a audição, por sua capacidade de perceber o som como reflexo, precisamente, da vibração primordial, e daí o uso deles em suas práticas yogis. Isso, simbolicamente, é assimilável, em certo aspecto, ao significado da palavra sagrada OM, o som universal que invoca o conhecimento e o equilíbrio absoluto: o Todo, Deus. Sendo um som que se refere ao processo de evolução, implica a liberação e expansão do Amor Criativo.
 

O Som dos Sinos

O significado simbólico do sino reside em seu som, que faz referência ao Poder Criador, à Voz de Deus como o Verbo Criador. É o som primordial que se desdobra nas sete notas musicais, correspondendo às sete cores pelas quais a luz se manifesta, assim como aos sete raios que sustentam a existência. Essa simbologia é particularmente importante no contexto dos sinos tibetanos, uma ferramenta utilizada há milênios pelos monges do Tibete. A sua forma esférica simboliza o equilíbrio do qual todos os seres do universo fazem parte, e os sete sons que produzem são uma composição dos sete metais que se relacionam a sete planetas: o ouro com o Sol, a prata com a Lua, o cobre com Vênus, o chumbo com Saturno, o estanho com Júpiter, o ferro com Marte e o mercúrio com Mercúrio. Os budistas Zen os empregam para a meditação. Ao sentarem-se em postura apropriada, eles tocam suavemente o sino, o que induz a concentração.

A influência da sutil vibração do sino é percebida por todo o corpo, o que também contribui para o seu uso terapêutico.

O Formato dos Sinos

A forma do sino é portadora de um forte simbolismo. As variedades de formas dos sinos são infinitas, dependendo de suas diversas categorias (cada uma com sua própria denominação, como por exemplo, "esquilón"), e da infinidade de opções decorativas criadas pelo homem. No entanto, considerando a sua forma fundamental, o sino está intrinsecamente ligado à geometria do "triângulo", que simbolicamente representa a Trindade, a primeira manifestação de Deus. Além disso, ele se assemelha à forma de uma "taça" invertida, que nos leva a pensar no Cálice (ou Santo Graal) e seu simbolismo como eixo vertical, uma porta de ascensão e descida do céu. Essa conexão, por sua vez, se relaciona com o símbolo do Sagrado Coração, devido à contenção do sangue de Cristo. Ambos representam o Centro Divino do ser integral, a verdadeira identidade divina que reside na essência do ser humano e da humanidade.

Por fim, o sino também pode ser associado à forma de uma "abóbada", que faz referência à Abóbada Celeste, um símbolo cósmico. A abóbada celeste e o seu eixo central do mundo são vividamente representados nos templos pela cúpula e pela sua janela central (conhecida como o "olho do duomo"), e nos sinos, pela sua forma arredondada, a sua posição pendente e o seu badalo inclinado, o qual é o produtor do som.

Tudo isso nos remete à espiritualidade que desce à matéria, ao céu que cobre a terra e à "comunicação" entre esses dois planos ou mundos, o macrocosmo e o microcosmo. O sino é um símbolo de "comunicação", é um mensageiro, como já mencionamos, que liga o local sagrado à voz de Deus. Portanto, os sinos também têm sido usados em diversas culturas em rituais funerários, vistos como meios de comunicação com as almas que habitam em outros reinos. Nesse ponto, também podemos estabelecer uma conexão com o simbolismo do arco-íris, que serve como uma "ponte" entre os reinos superiores e inferiores (um tema que exploramos detalhadamente em "O Simbolismo e a Poética do Arco-Íris").

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